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Não quero ser a imagem que tenho
eu quero ser apenas o que sou
não o que sei que sou, nem donde venho,
nem porque vim, irei ou porque estou.
este é um problema da gramática
da lógica, razão, fisico quimica,
teorema esquisito em matemática
ou até um só gesto numa mímica.
eu sou um ser de vida , porquê vida
e não se chama outra coisa vulgar ,
os meus genes fizeram-me, atrevida
a vida, onde me passo a perguntar,
o que sou eu se apenas quero ser,
aquilo que não sou ? esse é meu ser ?
Vem meu amor por sobre a noite intensa
traga-me o corpo de afago e de carinho,
um copo de champanhe e um caminho,
livre como a loucura que não pensa.
vem meu amor por sobre a vida e esquece
que há um regresso ao principio no fim,
traga-me a alma, voa sobre mim
libertinagem que o prazer nos tece.
vem sobre o mundo , vamos de mãos dadas
de porta em porta em múltiplas moradas
beber o vinho da ressurreição
deixar que os genes sejam transmissores
da infinita prova dos amores
que os criaram nesta geração.
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Percorro-me em paisagem, a janela
do automóvel fechou , condicionado
num pedaço de deus , sigo ignorado,
sigo o caminho que se me revela.
por distração a vida concilio
em oração com deuses não vitais,
da matéria nascida parentais,
na mente uma questão que desafio.
não há certezas neste mundo, há vida,
a verdade e mentira são iguais
no juizo final que lhes fazemos.
o nascer, o viver é despedida,
como outros, somos seres e nada mais
emerge da imagem que nós temos.
Não há felicidade sem loucura
extase ,abstração, o paraíso
existe para quem nele procura
intervalos do mundo e do juizo.
o louco, o ébrio, o fumador, o vício,
apenas vida na diversidade,
são excepção, um pequeno orificio
na oficina da eternidade.
o célebro é imenso e complexo
é massa da mentira e da verdade
que nos sustem a virose do nexo
em luta desigual num campo imenso,
uma face de bem outra maldade
mistura de loucura e de bom senso.
Porque te amarga o tempo revivido
em vitima e lamentos eu não sei
o muito que vivi trás-me embevido
na ideia de ti que em mim gravei.
não choro hoje o ontem que foi tanto
uma emoção com outra não se esquece
tenho saudades sim, mas me apetece
restar de ti o bom e não o pranto.
nem milagres, nem resas, nem torturas
alguma vez farão o meu caminho
que de ti foi amor e foi carinho,
paixão, desejo, caricias e ternuras,
apenas relembrar me faz feliz,
que hoje faria o mesmo que então fiz.
Não reso mas comungo a catedral
posta no ante mim com dois pináculos
cinzelados na pedra colossal
antecipando céu e obstáculos.
ó gigantesca obra quão humana
gente te fez vibrando desafios
arrebatada e mística, profana
na mão que recortou os teus vazios.
erguida ao alto , porém é nas entranhas
que te habitam misérias e gemidos
regozijo dos bons, ai dos vencidos,
esse mesmo interior aonde apanhas
não o troar dum deus sábio e fecundo
mas o falar diverso deste mundo.
Construi-te de mim, mulher, de barro
depois fiz a razão e disse tu
tu que virás a ser onde eu agarro
os meus versos de amor quando estou nu.
desenhei, amassei, fiz-te ,conheço
a versão que moldei, absorvi
sem lei nem grei , reserva e o que pareço
é o meu interior que te cedi.
que de matéria fez-se outra matéria
como moleza,massa, susceptivel
de amar, de agigantar e de miséria,
limites do humano perecivel
amei-te assim volátil e diverso
mas não te pus algemas, dei-me em verso.
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