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CAIFAZ

por Peter, em 18.12.08

 


A vereda é comprida, estreita fita
orlada de verdura, e quando passo
recordo que ali já fui abraço,
fui chegada e alvor que se exercita.

o arvoredo faz cortina, esconde
do mundo que há ao largo a solidão,
quem avança procura o que é em vão
o que em vão há-de vir e ir sem onde.

num extremo , castanho, sentinela,
no outro a vista a favor do mar ,
uma varanda que se pode olhar

e uma ermida tosca, sem janela,
lugar  tão abrangente , tão seguro,
um banco a oeste e o meu corpo obscuro.

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publicado às 19:08


NO BUÇACO-2

por Peter, em 17.12.08


Uma vereda, escada ou um carreiro,
o musgo do natal amontoado
em abismos de pedra ou num terreiro
aberto ao sol que espreita amedrontado.

selva da ramaria  onde se estreita
o caminho da reza na verdura
que já foi o silêncio que  ainda espreita
os  nossos passos lentos pela clausura.

na floresta que se alonga, inteiro
percorro a natureza que é também
um pedaço dum deus e de ninguém.

a abundância de nada é um viveiro
a busca que se faz nada contém,
mas é em simultâneo casa e mãe.


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publicado às 19:09


NÃO SEI

por Peter, em 16.12.08


Não sei se serei eu próprio essa  ribeira
por vezes no cantar em vale dos fetos,
é uma voz, um som, uma zoeira
abismo de ideias e objectos.

a água canta , cai em desacatos
como a infância que passou por mim,
cai em noites, auroras ,cai em actos
e eu ouço a água a cantar assim.

canta a serra , pinheiros ,macadames
batidos pela terra, pela lama,
canta o vento a soprar e até clama

para que na curva além tu por mim chames
e o nevoeiro esbarra na paisagem
ocultando-me ao longo da viagem.

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publicado às 21:43


APENINOS

por Peter, em 13.12.08

 

 

Os Apeninos descem sobre a terra,                   ,

um socalco, um bater, um afundar,

como se afunda em mim  quando se encerra

o ciclo das rochas no meu mar.

 

refúgio imaginário, sobreponho

poucas opções , peões do meu largar,

queria voltar a ser apenas sonho

e desse sonho rei, mas a brincar.

 

para apanhar a luz que nos alcança,

gigantesca viagem de chegar,

na mesma onda que se afasta e avança,

 

o universo algures, qualquer lugar,

onde a lei da matéria é semelhança,

onde ocupamos  espaço, a ignorar.

 

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publicado às 21:46


SERENÍSSIMAS ÁGUAS

por Peter, em 12.12.08

 

   

Sereníssimas águas do Tirreno

com textura de formas  e de cor,

nas tuas margens, hoje, contraceno

em episódios do meu novo amor.

 

o mar que se prolonga, leve, ameno

vem de beijar o meu adamastor,

é sal que a vida tem , faz o sereno

porto de abrigo e palco acolhedor.

 

águas tranquilas ,barcos avançando,

motores á ré a respirar ausências,

fios de prata, estreitos, até quando

 

se me acaba o olhar, as turbulências,

de cada vez que volto, vou sonhando,

sereníssimo mar de transparências.

  

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publicado às 22:06


EM NERVI

por Peter, em 11.12.08

 

 

Percorro o corpo em Nervi , pelo jardim

falo comigo em trechos  e sozinho

recolho restos , cravos e por  fim

em círculos refaço o meu caminho.

 

poderia ser outro e ter de mim

um profeta, ou um bruxo, um adivinho,

engodo duma vida e talvez sim,

me escrevesse no ego em pergaminho.

 

esquilos pequenos simples  de viver

que nos seguem nas árvores, pelas nozes,

constróem em si próprios nossas vozes,

 

instintivo sinal, sobreviver,

a nós porém os reis do parque urbano,

não nos move o instinto, mas o engano

 

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publicado às 22:31


NASCER

por Peter, em 01.12.08

 


Aqui nasci nesta margem do monte
pouco mais é que água soterrada
ambos matéria de átomos prensada
depósito, sifão e uma fonte.

não pedi a ninguém por que aparecesse
aqui, ali, algures, não há lugares,
talvez sopros dos deuses ,divagares
não como nos convém ou apetece.

dum lado a serra do outro lado o mar,
uma cruz que não vejo e a ilusão
de vir á luz como libertação,

humana virulência neste caos,
intrigante e vazio, onde calhaus
se  movem no  espaço, frágil lar.

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publicado às 17:22

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