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Que saudades vou ter de Pian Palu
de águas azuis, dos verdes das vertentes,
dum lariço amarelo, depois nu,
depois branco de noiva e de nascentes.
que saudades vou ter do rio Noce
que turbulento corre , canta e passa,
tomei-lhe a cor da alma, mas não posse
das ravinas que o leito despedaça.
que saudades vou ter das margens duras
do voo de falcões crepusculares,
da terra minha mãe, e das fracturas
onde deixei meu corpo e meus olhares,
um berço no silencio das alturas
onde se acaba o tempo e os lugares.
Chegas cansada ao fim da tarde, escalda a boca nas palavras que não dizes, são interrogações e cicatrizes dum sonho de existência que se salda. chegas ao fim da noite com a massa amassada em toda a escravatura, já não és gente, já não és criatura és corpo que a tremer se despedaça. trazes um soldo mínimo, magreza que agradeces chorando, crueldade, um mês de caixa, o super , a cidade o mundo que tu pisas de vileza, não te apetece amar, tenho a certeza, mas gritar em silêncio, liberdade !!!
Se o mar não existisse, cá e lá
se fosse um estuário o mesmo rio,
se fosse a mesma deusa, yemanjá,
se fosse a mesma neve, o mesmo frio…
se nascer e morrer não fosse herança
e naus e navegantes se trocassem,
se os homens construíssem cada esperança
sobre cada crescessem e amassem…
se então , rindo e gritando liberdade
do si , senhores por todo esse universo,
se a vida fosse assim e a idade
nos apanhasse á esquina dum só verso,
podíamos ser outros, nós, verdade,
não apenas um sonho no deserto.
Tenho saudades do Lago Pian Palu
e das pontes que o cercam, de madeira,
mesmo antes de deixar , errante, nu,
sons de torrentes novas, noite inteira.
tenho saudades do Lago Pian Palu
e dos troncos redondos, na brancura
de bétulas em fila aonde tu
me surgiste em gnose de loucura.
sólido glaciar, sereno, cru,
águas azuis em gélida alvorada,
rompia o sol, abria o meu baú
ao subir a montanha sombreada,
tenho saudades do Lago Pian Palu
quando a neve vier, determinada.
O moinho gira na minha frente e o mar
o mar da Líbia abre-se escaldante
a loucura propaga-se aberrante
e a Tirrénia cumpre o navegar.
foge-me a métrica corre á minha frente
como quem segue a luz ,é delirante
o seu correr diário em cada instante
em que me torno rigido e demente.
mudei de livro não mudei costumes
é o deserto além, depois do cais
uma excelência igual como as demais
de tules isentados de ciumes,
crises que se encadeiam e não mais,
fogo que o interior trava em seus cumes.
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