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Era ali a dois passos a cidade de deus
das regras, corredores, arcadas e salões
dos livros e pinturas , palácios e museus
ou de velhos concílios , divinas invenções.
atravessei a praça, o rio e adiante
num pedestal de bronze aponta-se um caminho
a Comédia é dos céus, o dedo é o de Dante
um dedo de matéria num poeta sozinho.
passo a noite no curso do rio delirante,
rápido como luz não tem outro voltar,
não há lugar que fique, apenas o instante
suporta noutro instante cada continuar
e deuses que amanhecem num céu extravagante
são peças doutros mundos que aqui não tem lugar.
O que estou a fazer sobre uma esfera
não euclidiana, ignoro
sinto por mim a força duma espera
e a esperar respiro e me decoro.
não sei por onde corro e me devoro
interrogando o quê e o porquê,
um circulo sem pi , parece, moro
no pouco que é, daquilo que se vê.
num sítio em expansão ou estagnado
onde porém correm rios p´ró mar,
liquido fosso, profundo, marginado
noutro sítio provável que é lugar
e que é por onde me arrasto acompanhado
por quem me quer ou não acompanhar.
As ondas batem nos rochedos nus,
curvas após ilhotas repartidas
que dum lado são sombra doutro luz
por sobre brancas mantas rebatidas.
saltam, recuam, voltam entupidas,
novas vagas que o mar puxa de lá
cavando fossas, cristas e descidas
logo subindo em cada frecha que há.
e baila ali imponderável espuma
no piso natural do próprio mar,
força que rasga a margem uma a uma
e numa só depois faz o voltar,
ao longe, presumindo, já nenhuma
se irá manter ao sol crepuscular.
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