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Vindos de cinzas, deuses não, seremos
filhos de sois que o hidrogénio prende,
do cosmos , do vazio, percorremos
uma onda de luz que nos surpreende.
a minha nave avança, a esfera, a rota
em mar de caos incerto, curvatura
da Próxima Centauro, tão remota
que me alonga o corpo e transfigura.
se te encontrar Maria, o universo
deste meu presumir de vagabundo,
poderá dar-te a mão num vão disperso
de janela qualquer no fim do mundo,
além dum túnel negro e adverso
e dentro dos teus olhos, que eu inundo.
No baraço do tempo, engulho de alma
transmontano viril ,sedento, crua
é a alma da pedra que se espalma
em amargura vil, no meio da rua.
no granito do berço onde se acalma
a caneta pela pele como charrua,
em torgas , no silêncio, aurora de alma
crença que ora se firma ora flutua.
e do odre do berço a revelia
debruçada no Largo da Portagem
é pureza de amor ou agonia
numa cidade apenas só de imagem,
então da verve brota poesia
que é terra mãe , sempre ingrata e selvagem.
Gostava de me ter em ti, ceifeira
se o tempo fosse igual para nós dois,
mas de voltar atrás não há maneira
não há replicações anos depois.
gostava de me ver em ti, ceifado
por poemas que deixaste ficar,
ou ser príncipe novo em teu reinado,
pelo menos mais um a questionar.
porém o tempo, a simultaneidade
biológica, no acto foi diferente,
o campo misturou-se na cidade
os anos que me turvam são á frente,
mesmo que fosse rei na eternidade
duvido dominar todo o presente.
pois nem sei o que sou para saber, existo, logo penso vejo e vou mas não sei onde vou nem o que ver. não sei se eu sou eu nem onde estou, não o sendo que venho aqui fazer, serei eu positrão que se enganou, serei manhã , serei amanhecer??? estranha coisa vir, amar, morrer, num infinito olhar que se encontrou, não ser aura ,futuro ou entender por que se veio e porque se acabou aquilo que não foi nem há-de ser, mas estranha foi a coisa que passou.
O capitão cresceu, o mar rugiu,
rostos escancararam o terror
que a proa levantou , submergiu
a tempestade e o Adamastor.
Dias ergueu a mão , o indicador
deu rumo avante na onda que caiu
sobre todo o convés, assustador,
o inferno que veio e os sumiu.
a meio da noite o rumar foi nordeste
ventos vinham do sul e de feição
amainou-se a borrasca , azul celeste
trouxe a manhã de abertas e razão
quando a terra surgiu, recorte a oeste
e porta aberta a nova compreensão.
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