Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
O cigarro entre os dedos, o morrão
a cair sobre folhas de papel
perdidos na bancada , do melão,
três pelos sobre a orla de pincel.
por baixo a Bola, jornal de digestão,
bíblia e lume , suprema inteligência,
parece espelho , porca de nação
tão magra que se vê á transparência.
assim seja, silêncio, afinidade
á louvação do sim, não faz sentido,
numa trincheira aberta á cavidade
como osso sem cão ao cão estendido,
será a vida prisão ou liberdade,
ou apenas ganhar mesmo vencido???
Neve em Paris, cai leve , leve e fria
o rubro do bistrô emudeceu,
nas ruas da manhã que se anuncia
passa gente a correr, amanheceu.
cobri o corpo á hora que partia
da minha estrada o tempo que cedeu
neve em Paris, no Verão não sucedia
e foi no verão que tudo aconteceu.
entro no autocarro, o vinte sete,
que me leva abrigado sobre alvura,
passa gente a correr que se intromete
no dia fustigado de espessura,
desço por fim do carro em Chatelet
dobrando á neve a face e a figura.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.