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O fumo do cigarro que não fumo,
imaginado liberta-se em argola
e sobe em espirais, como presumo
na sombra deste banco que me isola.
é primavera e renasce a verdura
em torno da laguna ignorada,
não vem ninguém juntar-se na moldura
nenhum olhar ao meu, no fim do nada.
chega água do colo que é meu berço,
húmido e armazém de teimosia,
cavernas interiores das quais exerço
oficio de viver, biologia,
agarrado a um sonho ou a um verso
fumo que em espiral se distancia.
O nevoeiro sobe , serra, sobre
o silêncio que vem no arvoredo,
não é prece, não é, a prece é pobre,
é respirar de vida que tem medo.
sem escutar no húmus que te cobre
ouço teu chão que se levanta cedo
os regatos que nascem no alfobre
dessa raiz onde ás vezes me enredo.
apalpo a bruma, cerro-a nos braços,
abro manhãs aos caos , então prossigo,
causa de ser amante são meus passos,
no silêncio me calo, apenas sigo
como teu interior ou próprio espaço,
onda de luz escondida em teu abrigo.
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