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Idiota o poeta , é incapaz
de transformar o mundo , ele é doente,
o mundo e o poeta certamente,
o poeta e o mundo, tanto faz.
pobre poeta cuja palavra é gás
soprado numa flor como semente,
evapora-se o verso secamente
coitado do poeta que ali jaz.
triste poeta és, sonho e quimera
das nuvens e do roxo dos lilazes
és como seiva viva em primavera
que se recria em flores nas tuas frases,
porém pobre poeta, considera,
que ninguém lê as trovas que tu fazes !!!
Permaneces no tempo, terra e ventre
aberta como flor para que se tome,
morava nos teus olhos, era entre
eles e os meus que se matava a fome.
em sementeiras de sentidos puros
no ritual prazer dos nossos bens,
frutos guardando brilho de maduros
amolecidos pelos vais e vens
do bem que tenho hoje, está perdido
o perfume jasmim da tua mão,
tenho plantada a flor e obtido
assim a terra, o colo, a ilusão,
a vida é um percurso sem sentido
dela resta memória e solidão.
Volta o luar desta lua de Agosto
trazendo novo tempo do passado,
parece que flui , que põe no rosto
um amanhã do que é imaginado.
reflete no mar que tem por rosto
o cintilar de pérolas, dourado
é seu dançar um fogo d'àgua posto
um beijo que é eterno e adiado.
é na praia que choro, absorvido,
cada raio, sonho que se perdeu
como se fosse a noite um confundido
e frágil dia que não amanheceu,
oceano do sonho apetecido,
luar que na manhã desapareceu.
É na manhã que vem a maré-cheia
é quando alastra a vida nos mangais
e caranguejos correm pela areia
e vem o barco que nunca chega ao cais.
é quando nasce o sol e serpenteia
um tronco, uma canoa aonde vais
e a terra se levanta e incendeia
que te aceno um adeus para nunca mais.
vai-se enfim a maré , vem maresia
deixa passos impressos , são sinais
dum novo alvorecer , renasce o dia
a porta da memória é por onde sais,
dessa mesma manhã que se perdia
na dúvida das coisas mais banais.
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