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Espelham da água os tons ocres dobrados,
subindo a encosta rumo ao infinito,
procuro segura-los , precipito
olhos e mãos e íntimos cuidados.
por sobre mares em ofuscante posto
o astro tomba em falso alinhamento,
toque instantâneo , arrebatamento
da transfiguração que tem no rosto.
o dia vai para lá da rotação
que escurece o cá do horizonte,
a rubra luz não tem hesitação
a sombra fecha o sol por sobre o monte
linguagem sem voz , assombração
desse falso morrer que tem defronte.
Não há varanda aberta ao infinito
o infinito é a própria abertura
não há olhar, não existe conflito
o observatório é a loucura.
fui o principio e serei o finito
no caos que me aviltou sem armadura
nada há que chorar , tudo está dito
ignorar é a melhor procura.
pesa na alma o peso ,a reticência
angustiando tanto imaginar,
mas talvez seja o mundo paciência
onde germina o verbo observar,
a vaga e infinita circunferência
onde se gasta o tempo e o olhar.
Debruço-me á varanda do infinito
olhando o nortear para qualquer lado,
pego a mala de mão, nela o conflito
veio e regressa descodificado.
fui o principio como sou finito,
o caos que me aviltou jaz de cansado,
o corpo ás vezes chora de aflito
no lento coração já remendado
e vai na alma o peso da insistência
emoldurando angústia do pensar
o mundo me termina em inocência
mas no centro do mundo é o meu lugar
tudo é vago na vasta circunferência
que se afasta sem fim do meu olhar.
Água do lago é de água parada
não mexe o que não tem, não mexe vento,
espelha o universo e não é nada
só é alguma coisa se o invento.
na sua superfície uma ramada
certo que vejo e a barca nela tento,
porém não é matéria é ancorada
no sono que me vai no pensamento.
se viajasse algures , aquela barca
quando viaja em mim , longe e perdida
talvez abrisse a tampa , fosse a arca
presunção e indício de outra vida,
mas é imaginária, nada abarca
nem remo tem nem cais duma partida.
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