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Pergunta aos castanheiros perfilados
da Índia, como estão amarelecidos,
pergunta-lhes por nós de amores proibidos
de afectos perseguidos e trocados
pergunta-lhes na quietude dos espelhos
que a água faz no rubro ocre das cores
onde choraram lágrimas e dores
sombras gigantes dos seus troncos velhos.
pergunta aos castanheiros que este outono
me sucederam terminado o estio
ou aos patos selvagens que sem dono
chapinam a gritar no meio do rio
pergunta-lhes porquê o abandono
a que me dou neste nórdico frio.
Na floresta, a pé, que paz de ausente
e tudo quanto foi substantivo
é oco nu na alma simplesmente
tão livre da grilheta de cativo.
são maduras as folhas e a semente
que se pendura ou cai no chão nativo
é natureza a dispor-se contente
para em breve repor novo vestido
brancos troncos de bétulas despindo
tais penas que voando em desalinho
arrastam outras penas que eu seguindo
bebi com trago doce a velho vinho
tão assente e sereno que sorrindo
só me restam delicias do caminho.
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