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Por entre a plateia me sustento
calado ao som final da idade breve
intruso entre os seus gestos me contento
a levitar num sonho calmo e leve
tenho na frente a virgem sem menino
tão nova e loira parece pintura
segurando entre mãos o violino
nele executa e mexe a partitura
e do silêncio vivo que me afaga
na harmonia que se abre ao nada
vejo o regato vir fraga após fraga
fugindo á floresta desnudada
tenho a virgem nos braços abraçada
e um capitel de flocos me embriaga.
Quero calar-me ao dia que amanhece
quero nos versos meus fazer sigilo
fugir da réstea fria que aparece
por sobre um bago rubro de mirtilo
quero calar a voz que de vontade
sonora bate em sombras diluídas
sem fim seguir os trilhos da cidade
abertos entre neves repartidas
para não voltar ao meu lugar cativo
eu quero interromper aqui viagem
deambular silêncio andar furtivo
fazer parte integral de uma paisagem
ser um vazio algures e permissivo
acabar de figura e ser imagem.
Não consigo esquecer os olhos escuros
e o riso labial desconcertado
esse estado febril apaixonado
inconstância dos tempos inseguros
não consigo esquecer e perturbado
pelos frutos que de apanha são maduros
me turbo em pensamentos obscuros
num paraíso despropositado
lembrando os teus abraços de mudança
as malas ensaiadas sedução
que inquinada na duvida descansa
na púbis palpitando em minha mão
e os beijos resgatados temperança
nos espasmos repetidos da paixão.
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