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HOJE
Vou pelo mundo sem saber que mundo
encontro na manhã que se aproxima
um universo espesso e tão profundo
como a luz que de baixo vem de cima
Avanço devagar que vou calado
silencioso andar do ser que sou
caminho o meu lugar por qualquer lado
ignorando o sítio por onde vou
Sabendo ousar haver sonhos pequenos
cobrar dos afazeres necessidades
logrando saber mais, sei que sei menos
vestido no meu fato de saudades
o tempo da mudança sabe menos
porque há menos mentiras, mais verdades.
Correm por mim as horas os minutos
os dias debruçados e assim
errado julgo o caminhar sem fim
na conta destes dias dissolutos
me pergunto e duvido e nada sei
se acaso toco acima um infinito
cego de olhar surdo no próprio atrito
matéria ignorante onde pasmei
e dispo-me no tempo onde atravesso
a ruela vazia aonde moro
mudo de humor caminho do avesso
ás vezes não me sinto nem ignoro
sou um fio perdido do começo
a poeira dum pó, um pêlo, um poro.
Não encontro por mim nada que fique
colado ao que não sou, causalidade
que para lá desta vida identifique
o material de tanta exiguidade.
que lógica brutal e explosiva
nos amassou em lego e fez crescer,
entre lixo, vazio, rotativa
que nos imprime em textos de insaber.
comprados ou vendidos é na sorte,
deste comum preludio bestial
e não existe nada que conforte
o mundo de incerteza virtual,
em gigantescas naves sustentadas
n’outras naves maiores, esvaziadas.
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