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HOJE
Vou pelo mundo sem saber que mundo
encontro na manhã que se aproxima
um universo espesso e tão profundo
como a luz que de baixo vem de cima
Avanço devagar que vou calado
silencioso andar do ser que sou
caminho o meu lugar por qualquer lado
ignorando o sítio por onde vou
Sabendo ousar haver sonhos pequenos
cobrar dos afazeres necessidades
logrando saber mais, sei que sei menos
vestido no meu fato de saudades
o tempo da mudança sabe menos
porque há menos mentiras, mais verdades.
A cidade são pedras e calçada
velhas e largas a mostrar canais
transeunte perdido entre os demais
vasculhei cores janelas e arcadas
da nudez da sereia mais que usada
cravei uma tuborg a marginais
e visitei Cristiana onde entre os quais
te vi em liberdade pincelada
não tenho rei não vi nem tenho margem
tão enganado como estou sou vida
por ela recusei-me sou viagem
pedaços de chegada e de partida
entre ladrões exerço vadiagem
esse é meu ermo e minha despedida.
Está frio muito frio o dia é este
gelam os ossos de quem morre e tu
que não pediste para morrer morreste
mais gelada que o dia amargo e cru
escrita do tempo diz que tudo é breve
neste universo em expansão constante
e o que nasce o seu regresso deve
ao vazio e ao nada a todo o instante
está muito frio hoje o dia é peste
que forja o triste adeus nesta partida
reservo a companhia que me deste
nas letras do poema à despedida
sejas matéria escura azul celeste
espera por mim no congelar da vida.
Quero calar-me ao dia que amanhece
quero nos versos meus fazer sigilo
fugir da réstea fria que aparece
por sobre um bago rubro de mirtilo
quero calar a voz que de vontade
sonora bate em sombras diluídas
sem fim seguir os trilhos da cidade
abertos entre neves repartidas
para não voltar ao meu lugar cativo
eu quero interromper aqui viagem
deambular silêncio andar furtivo
fazer parte integral de uma paisagem
ser um vazio algures e permissivo
acabar de figura e ser imagem.
Se hoje fosse dia de Natal,
mas não é, oferecia-te uma flor,
talvez no teclado e virtual
pedisse um beijo, um beijo com amor.
não acredito no menino Jesus,
porém creio em meninos todos os dias,
são eles todo o homem que produz
o amanhã , depois, depois e crias.
acho o natal uma festa pagã,
e tão de fora do nosso próprio ser,
como uma cesta de ovos, sem os ter.
dizer natal, natal, é coisa vã,
se em qualquer outro dia acontecer
será que outro natal não pode ser ?
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