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Neve de Goteborg que me tens
reduzido ao que sou frio calado
a janela da rua os armazéns
um olhar comedido camuflado
ficou mais noiva a noiva da cidade
no manto que entretanto se refez
árvores que a noite faz claridade
barcos que se recortam no convés
leva-me a floresta os pensamentos
que os percorro só silenciado
neve que cai por mim por uns momentos
a maior parte cai por todo o lado
eu próprio vou calcando movimentos
umas vezes andando outras parado.
Sou um tipo danado digo ás vezes
de mim para mim portas atravessadas
não gosto de cenouras nem chineses
e sou silva de nome em papeladas
não tenho sorte ao jogo e dos amores
contra o jargão o dom é impreciso
teimoso resmungão e nos sabores
um curioso autor do improviso
nesta banalidade estabelecida
pela genética herdada dos avós
ancoro o bote ao cais duma partida
e parto sem partir da minha foz
enquanto enrolo o tempo e esta vida
num verso num café calando a voz.
O capitão cresceu, o mar rugiu,
rostos escancararam o terror
que a proa levantou , submergiu
a tempestade e o Adamastor.
Dias ergueu a mão , o indicador
deu rumo avante na onda que caiu
sobre todo o convés, assustador,
o inferno que veio e os sumiu.
a meio da noite o rumar foi nordeste
ventos vinham do sul e de feição
amainou-se a borrasca , azul celeste
trouxe a manhã de abertas e razão
quando a terra surgiu, recorte a oeste
e porta aberta a nova compreensão.
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