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O acidente a ocidente deu-se
e naufragou a armada de um navio
no porão de almas, a ralé perdeu-se,
o mar encheu de gritos o vazio.
na guitarra e no fado adormeceu-se
a revolta ,no choro e desvario,
de sorte e cruz a borrasca rendeu-se
e pedaços da barca vem ao rio.
mistério dos mistérios , desbravados
o mastro e o convés pairam na areia
tábuas e mortos, peixes , desgraçados,
misérias do partir que se receia,
lamentam-se na praia os afogados
que a tempo não fugiram desta teia.
O meu país é mar e comedoiro
fugaz, escancarado e sem sustento
é barril de galego alma de moiro
o meu país é um adiamento.
o meu país é fossa, sumidoiro
a quem lhe quer é brusco e é tormento
espantoso milagre , ancoradoiro
é a deriva que o traz ao vento.
o meu país tem face inacabada
por mão de artista não de timoneiro,
o rumo que persegue é na coutada
de si próprio, carrasco , prisioneiro,
o meu país que é tudo não é nada
não passa de um quintal todo porreiro.
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