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Quando me deito e deixo o dia atras
ou espero a noite que não sei quando vem
quero agarrar a luz e ser capaz
de prolongar fotões que me mantém
ocorrem-me á memória coisas fúteis
desenho pela mente corpos beijos
minguar que há do prazer dias inúteis
mistura sem concerto de desejos
clareia em luz um circulo a lua
faixa de luz reciclada aos molhos
rebenta grades que separam a rua
dos teus cabelos brancos dos teus olhos
e sem parar a vida continua
sem arredar o lixo nem os escolhos.
Sou um tipo danado digo ás vezes
de mim para mim portas atravessadas
não gosto de cenouras nem chineses
e sou silva de nome em papeladas
não tenho sorte ao jogo e dos amores
contra o jargão o dom é impreciso
teimoso resmungão e nos sabores
um curioso autor do improviso
nesta banalidade estabelecida
pela genética herdada dos avós
ancoro o bote ao cais duma partida
e parto sem partir da minha foz
enquanto enrolo o tempo e esta vida
num verso num café calando a voz.
Quero calar-me ao dia que amanhece
quero nos versos meus fazer sigilo
fugir da réstea fria que aparece
por sobre um bago rubro de mirtilo
quero calar a voz que de vontade
sonora bate em sombras diluídas
sem fim seguir os trilhos da cidade
abertos entre neves repartidas
para não voltar ao meu lugar cativo
eu quero interromper aqui viagem
deambular silêncio andar furtivo
fazer parte integral de uma paisagem
ser um vazio algures e permissivo
acabar de figura e ser imagem.
Gostava de me ter em ti, ceifeira
se o tempo fosse igual para nós dois,
mas de voltar atrás não há maneira
não há replicações anos depois.
gostava de me ver em ti, ceifado
por poemas que deixaste ficar,
ou ser príncipe novo em teu reinado,
pelo menos mais um a questionar.
porém o tempo, a simultaneidade
biológica, no acto foi diferente,
o campo misturou-se na cidade
os anos que me turvam são á frente,
mesmo que fosse rei na eternidade
duvido dominar todo o presente.
pois nem sei o que sou para saber, existo, logo penso vejo e vou mas não sei onde vou nem o que ver. não sei se eu sou eu nem onde estou, não o sendo que venho aqui fazer, serei eu positrão que se enganou, serei manhã , serei amanhecer??? estranha coisa vir, amar, morrer, num infinito olhar que se encontrou, não ser aura ,futuro ou entender por que se veio e porque se acabou aquilo que não foi nem há-de ser, mas estranha foi a coisa que passou.
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