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Como um agrimensor tomo as medidas
com cuidados formais de bem fazer
apesar de saber por mim vividas
as animicas musas a ceder
tudo tem o seu ponto, as enseadas
nem sempre são perfeitos areais
pois se há tudos no ser também há nadas
sonhos contados,outros irreais
caminho minha via sem espavento
a cada hora ou dia sufragado
se afrouxa na largura do momento
a história do futuro ignorado
o presente de cada movimento
tem o devir a ele já colado.
Gosto de me perder nos teus caminhos
de mata antiga, troncos centenários,
errando-me contigo, desalinhos
dum húmus que nos fez aqui gregários.
revejo-me nas sombras dos gigantes
modelados nas tuas curvaturas,
monumentos de artérias, beligerantes
da terra á luz, no nada das procuras .
tens o controle do tempo, espaço ameno
pelo sangue que te sulca todo o ser
onde por mim me busco , ter um dreno,
na vida dos teus ramos a crescer,
eu, que ao pé de ti sou um pequeno
e inútil deus quase a desaparecer.
Verdes tileiras da infância antiga,
sombras nos dias tórridos de agosto,
penumbra fresca , ainda hoje abriga
meus restos de matéria e do meu rosto.
nessas belas manhãs de crença pura,
quando tudo mudava por mudar,
a vida era serena e a loucura
não era mais que rir ou mais que ousar.
velhas tileiras, velhos monumentos,
de tanta vida que por ali passou
quando o amor rasgava pensamentos
e era ignorar o maior bem,
eram idade , só o tempo mudou
e com ele mudamos nós também.
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